Flores

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

O homem do terno azul.

Todo fim de tarde de outono era assim, sentava na minha janela e ali pegava e observava as folhas secas que caia das árvores, umas caiam antes do tempo e outras caiam que quando chegava ao chão nem daria pra dizer que já foi folha um dia. O vento é muito forte nessa época do ano não se via os meninos jogando bola na rua, menos as meninas pulando corda com aquelas cantigas doce. Com uma xícara de chá em uma mão e com um binóculo na outra observava as pessoas, sempre as mesmas, as vezes um mo delito de roupa diferente, ou uma expressão diferente, de felicidade ou de tristeza, mais sempre as mesmas pessoas, eu acreditava que especular a vida das pessoas de uma janela não era uma coisa assim tão fácil ,era necessário estar certo nas percepções que tínhamos das pessoas, mais uma em especial me intrigava o homem do terno azul, sua casa era de madeira, uma jovem moça sempre aparecia em sua casa em seu bolso esquerdo havia uma gaita e quase sempre se tinha um cigarro atrás de sua orelha, era intrigante vê-lo passar sempre na mesma hora, era uma pessoa muito reservada e não gostava muito de expor sua vida pessoal aos vizinhos ninguém por ali o conhecia, ele havia se mudado a pouco tempo, aquilo me deixava tão curiosa que não pude me conter e então corri atrás daquilo que tanto queria saber.
Foi então que em uma dessas tarde que resolvi sair da minha janela e segui-lo e então ele sentou no alto de uma montanha bem longe daquela pequena cidade, então eu sentei do lado dele, ele então a olhou e começou tocar sua gaita, tocou até o sol partir e ao escurecer voltou para sua casa, e eu sem dizer nada o acompanhei até a rua em que morávamos olhei para ele e me despedi eu o abracei enquanto ele continuava intacto sem se mover, apenas sorriu. Enxerguei sua alma e percebi que era um homem bom não precisei saber de sua vida, aquele mistério me fazia bem e o som de sua gaita me dizia que aquilo era o que eu precisava saber, não me importava seu passado menos a sua vida, e sim aquela paz de ver a tarde partir de uma maneira diferente que meus olhos não imaginava ver.
No dia seguinte na mesma hora resolvi então ir até a montanha e o moço do terno azul não estava lá, tudo parecia muito triste pois mesmo assim sentei e observei a tarde tudo estava diferente um vazio tomava conta de mim, algo estava acontecendo mais esperei a tarde partir pra saber, foi quando o escuro começou a tomar conta daquele lugar que resolvi ir embora, e chegando na rua em que morávamos, percebi que sua casa estava muito movimentada foi quando corri pra saber o que estava acontecendo, e ao me deparar na porta de sua linda casa olhei para o chão e sua gaita estava lá e apanhei, foi quando a moça que sempre estava por lá me disse: Ele era meu pai, e seu ultimo dia de vida chegou, pois sofria de câncer, fique com a gaita você o fez sorrir por uma tarde.
Então a menina voltou para sua casa, se ajoelhou e rezou, e desde de então todas suas tardes é vista do alto daquela montanha e agora com o sussurro da gaita que soava de seus lábios, e atrás de sua orelha se via uma linda rosa branca, todos os dias.

Nenhum comentário:

Postar um comentário